Friday, May 19, 2006

filosofia pando-suínica

(ou as bobagens que a gente fala quando deveríamos estar dormindo, devidamente editadas)

mariana diz:
pandaaa!
tudo bem?
Felipe . diz:
tudo!!
e vc?
mariana diz:
to mooooorta de dor de cabeça, surtando com grupos toscos de trabalho em grupo
essa semana tá um cu
Felipe . diz:
e eh soh segunda feira
mariana diz:
exatamente
até quarta eu vou continuar assim
depois melhora, eu espero
[ mensagem pessoal: "pau no cu da ABNT!" ]
Felipe . diz:
eu tb odeio a ABNT
mariana diz:
eu odeio ficar fazendo o trabalho toooodo bonitinho
pra vir um idiota reacionário e, ao invés de fazer um texto decente sobre descartes, falar sobre ele 1 parágrafo e o resto sobre o guru dele, olavo de carvalho
e ele ainda apelou comigo quando eu fui falar pra ele que tava ruim o que ele tinha feito!
eu fico puta, a minha parte tá lindinha, montada no cúmulo da pedância intelectualóide mas lindinha assim mesmo
Felipe . diz:
hahahaha
mariana diz:
é sério
eu chamei o autor do livro de tendencioso de uma maneira chique hahaha
Felipe . diz:
eu acredito so!
[... coisas plagiantes e desimportantes - palavrinhas que eu acabei de extrair do meu cuzinho]
mariana diz:
ah, sabe o que eu fiz na aula de economia hoje? (falei no lipão e lembrei, pq ele tava no meio)
Felipe . diz:
o que?
mariana diz:
joguei adedanha
eu e mais 5 colegas meus, dois horários inteirinhos
as categorias eram todas ózimas
Felipe . diz:
hehehe
quais?
mariana diz:
animal (no lugar de nome, porque, de acordo com o lipão "nome é muito chato"), filme, livro, alimento, parte do corpo humano, "a aula de economia é..." e a melhor de todas: personagem histórico
Felipe . diz:
ahahahah
que ozimo
Amor é uma coisa meio gay
Estou Hambúrguer
mariana diz:
o melhor foi a gente conferindo tudo depois na porta da sala, a professora lá dentro ainda, ai a gente combinou de falar só "a aula é" pra disfarçar
ai bem na hora que a professora passou atrás da gente, o henrique solta, na maior altura: "vamos lá, gente, a aula de economia é"
Felipe . diz:
e aih
mariana diz:
ai que a gente rachou os bicos, ela olhou meio torto, não sei se ela entendeu
ela viu que a gente tava conversando e rindo a aula toda hehe
Felipe . diz:
q ozimo
mariana diz:
foi divertidissimo
Felipe . diz:
imagino"
!
subnicks em latim ruleiam pedantisticamente com força
=D
mariana diz:
haha com cerveja
agora você me conta o que tá escrito
Felipe . diz:
com um braço só
agora eu fico feliz com a sua curiosidade, inflo meu ego por saber algo que vc nao sabe e em latim, e magnanimamente te explico o que significa, em expectativa da sua reação de óooo que eh um misto de óoo meu deus vc eh foda com óoo meu deus graças a vc eu sou uma porka mais iluminada
significa: "não te procures fora de ti mesmo"
mariana diz:
hahaha isso ficou quase tão pedante quanto meu texto criticando um sociólogo/hitoriador fodão da universidade de columbia
mas, indeed, oooooh
eu não sei um a de latim
não sei nem o que é data venia (e olha que minha professora de tge vive falando hahaha)
[ observação pertinente para dummies: data venia = com a devida vênia, com todo o respeito, com sua permissão ]
Felipe . diz:
ué nem eu
mas eu sei o que eh ibi societas ubi jus
mariana diz:
ah, isso até eu sei hehe
Felipe . diz:
entao vc sabe um a de latim
porkud
porkus
mariana diz:
e eu sei que queixada é um animal
e que a xuxa é um personagem histórico
Felipe . diz:
ou então um golpe de luta extremamente idiota
mas comumente usado por deficientes fisicos, principalmente por aqueles que nao tem braços nem pernas
mariana diz:
ah, detalhe relevante: a xuxa é personagem histórico mas o ingmar bergman não
Felipe . diz:
ah claro
pq o anus de alguem quis
mariana diz:
exatamente
Felipe . diz:
o kelsen nao sabia que a fonte justificadora de todas as normas era o seu cuzinho
se ele soubesse nao teria inventado a norma fundamental
mariana diz:
claro
Felipe . diz:
no máximo o ânus fundamental
mariana diz:
meu cuzinho é mais supremo que a Fortuna
se o maquiavel soubesse disso, ele também não diria que ela é suprema
[ ... conversas alheias ... ]
mariana diz:
que medo anal profundo!
Felipe . diz:
meus amigos da UERJ
mariana diz:
só doido mesmo pra fazer direito hehe
Felipe . diz:
o apelido do antonio é "mamilo"
qdo a pola viu isso no meu celular ela deu um mini surto ahahaha
mariana diz:
hahahahaha que ozzimo
Felipe . diz:
porkelucha (isso me lembrou o coqueluche da xuxa, a personagem historica)
mariana diz:
isso, você pegou o espírito da coisa
c tinha que ver a minha supercriatividade também
Felipe . diz:
o espirito eh algo etéreo, como eu posso pegá-lo?
mariana diz:
filme: olga - personagem histórica: olga benário - livro - olga
Felipe . diz:
hhahahahahahha
agora vc criou uma duvida metafisica na minha mente de panda
mariana diz:
hahahaha
viva a sinestesia, panduxito
e foda-se o resto
Felipe . diz:
tomarei um LSD e pensarei sobre o caso
mariana diz:
iiiiiiiiissa!
Felipe . diz:
meu deus.
mariana diz:
eu sei
to cansada, dá um desconto
Felipe . diz:
vc acabou de cair dez poinks na minha escala suína (que só existe pra vc, ou seja, nao tem inicio nem fim relativo)
tah bom
5 poinks
mariana diz:
então, what's the point (ou seria poink?) of the scale?
Felipe . diz:
fazer piadas
o único sentido da vida
mariana diz:
oh, claro
se eu te mostrar como eu sou intelectualóide eu reganho poinks? haha
[ ... assuntos super super secretos, quase super fantásticos ... ]
Felipe . diz:
pode ser hehe
mariana diz:
Nisbet afirma que o italiano percebe a Fortuna (ocasião, acaso, sorte) como suprema. Essa idéia remete aos escritos de Políbio, ainda no século II a.C, e tem, de fato, papel fundamental no pensamento de Machiavelli. Não obstante, da forma como é tratada em História da idéia de progresso, acaba por levar a uma interpretação reducionista. Com o provável intuito de sustentar a tese de que não há
idéia de progresso em Machiavelli, o autor omite algumas de suas considerações acerca do tema. No capítulo XXV de O Príncipe, intitulado “De quanto pode a Fortuna nas coisas humanas e de que modo se deve resistir-lhe”, lê-se:
(não vou te mandar a citação pq ela é gigantesca)
Percebe-se, nessa passagem, que o florentino dá margem a uma certa possibilidade de o homem contornar os desígnios da Fortuna, ao contrário do que sugere o texto de Nisbet.
[ ... mais do assunto super super secreto ... ]
mariana diz:
hahahahahahahahaha sacanagem
e que paia, até hipoteticamente eu sou chifruda
Felipe . diz:
hahahahah
até a paula se revoltou, mas a piada tava ali, me esperando
mariana diz:
claro, claro
[ deixei um pouquinho para criar um suspense e disseminar a discórdia... ]
Felipe . diz:
Não obstante ---> 4 pedanpontos
interpretação reducionista ----> 5,5 pedanpontos
que o florentino ----> 3 pedanpontos
mariana diz:
yeeeeey!
hahaha
Felipe . diz:
agora só me falta criar uma escala conversora de pedanpontos em poinks
mariana diz:
hahaha jesuis
Felipe . diz:
e, é claro, arranjar algo melhor pra fazer da minha vida do que pensar em escalas imaginárias inúteis
mariana diz:
haha a nota de rodapé que eu botei na primeira página do trabalho deve valer uns 500 pedanpontos
* Tradução nossa em todas as citações a NISBET, 1980.
Felipe . diz:
meu deus, copia essa conversa e poe no seu blog
[ meu deus, como eu sou obediente! ]
mariana diz:
pode mesmo? ahaha
Felipe . diz:
hahahah mto bom
deixo ao seu bom senso retirar as partes nao apropriadas para leitores conhecidos e assiduos do seu blog
[ cumpri bem esse papel, petit panda? ]
mariana diz:
depois c olha meu sub-nick
[ só para constar: "a xuxa tomou o catete durante a revolução dos cravos montada numa queixada (e NÃO num javali) com asas que come húmus!" ]
Felipe . diz:
hahahahahhahahaha
q merdelinha
mariana diz:
são todas pérolas da adedanha
tirando a revolução dos cravos e o catete que eu pus só pra enfeitar
Felipe . diz:
imaginei
hahahaha
mariana diz:
catete parece tanto cacete
dada.
Felipe . diz:
e pra dada soh falta um de pra virar dedada
mariana diz:
irlulu!
Felipe . diz:
aliás todo dia entro na estação de metrô do cacete
pq eu trabalho no cacete
mariana diz:
hmmm cacetudo
Felipe . diz:
atravesso o palácio do cacete todo dia
mariana diz:
hahahahaha
[ ... CENSURA! impróprio para menores, maiores e medianos (ai. e sim, mais impróprio que o que está logo antes) ... ]
Felipe . diz:
MEU DEUS
aaaaahhhhhhh
nao
mariana diz:
eu vou perdendo o sentido com o cansaço, panda
Felipe . diz:
bad memories
hahaha to vendo
mariana diz:
essa parte VAI pro blog!
hahahaha
Felipe . diz:
hahaha blz
[ ... o AI-5 não permite que coisas tão chulas sejam publicadas. e sim, eu vivo eternamente em 1969. sugestivo, não? ... ]
Felipe . diz:
medo anal abissal de vc!
mariana diz:
eu também
Felipe . diz:
fuja de si mesma! rápido!
mariana diz:
tava tentando, mas eu me achei
por incrível que pareça, eu sabia exatamente onde eu iria me esconder
Felipe . diz:
que coisa mais poética e gay
mariana diz:
não, gay seria se eu falasse "eu me achei e fiz sexo selvagem comigo mesma"
Felipe . diz:
não, aí seria algo mto legal que eu pediria pra vc descrever com grande riqueza de detalhes pela importancia intelectual que teria na minha vida
ou seja, seria lésbico
[ ... vide a nota acima. idem, ibidem, só pro panda surtar. ... ]
mariana diz:
MEDO!!!
isso NÃO vai pro blog haha
Felipe . diz:
hahahahahhaha
bjoinks!
mariana diz:
aliás, eu vou salvar a conversa e editar com calma depois
vou criar vergonha e terminar a merdelinha do trabalho
beijoinks, durma bem
Felipe . diz:
tah bom
sim sim
vc tb pekeno ser suino
mariana diz:
cuidado com eventuais manadas de queixadas que possam cruzar seus sonhos
Felipe . diz:
pode ficar tranquila, eu comi húmus hj de noite
mariana diz:
cresceram asas em você?
Felipe . diz:
não, eu ouvi incessantemente músicas de figuras históricas que tem como alvo o publico infantil
mariana diz:
ah, claro
o olavo bilac também é figura historica, by the way
Felipe . diz:
que super fantastico o balao magico
depois vc me diz se o balao mágico é um período histórico
[ pandinhazinho, após extensa pesquisa em 37 fontes bibliográficas e em outras fontes (as quais, infelizmente, não posso revelar), não consegui chegar a conclusões definitivas. alguns autores consideram que o balão mágico é, sim, um período histórico. não obstante, entretanto, contudo, porém, outros pensam que, por seu caráter musical-revolucionário-ligado-a-mafiosos-ingleses, o balão mágico é um fenômeno com características próprias, e não pode ser reduzido a uma mera análise histórica. há, ainda, os que afirmam ser o balão mágico um evento tão surpreendente que serve como marco para o fim da idade contemporânea e o advento da idade super-fantástica do ursinho pimpão. mas eles são minoria. eu, particularmente, acho mais convincente a tese de que o balão mágico não é algo situado no tempo e no espaço, mas um estupendo acontecimento universal, que desaparece e ressurge, cada vez mais magnânimo, ao longo do fluxo da história. se você quiser, eu posso estar te passando a minha pesquisa para que você possa estar tirando suas próprias conclusões. ]

é só porque ele é capaz de falar tantas insanidades assaz (quantos poinks?) divertidas que eu o deixo namorar a paula. adoro-te (colocação pronominal certa deve valer bastantes pedanpontos, né?), petit panda.

Friday, May 12, 2006

menina.

Ela se espremia entre as apenas aparentemente frágeis grades vermelhas. O rosto moreno, frágil, parecia querer atravessá-las, em busca de tudo aquilo que lhe fora negado naquela desbotada escola de não-oportunidades. A mochila nas costas, a escancarar a vontade de fugir. Chorava. Chorava um desesperado pranto úmido-seco, escandaloso suplício silente. Chorava de um jeito que as pessoas parecem não mais saber reproduzir ou compreender. Teria sido esquecida? (Ainda mais que fora até então?) Ignorada, certamente era. A observar, de longe, eu imaginava: alguém mais a vê? Alguém mais próximo, que possa dar forma a todas essas divagações vazias, muito provavelmente o mais distante que se pode estar dos verdadeiros motivos... Chorava. De longe, tão longe - parecia demasiado próxima. Em meio a essa eternidade de pensamentos suposições sensações, ela acabou por me envolver. De dentro, por dentro. De perto, enfim. Porque ela chorava. E não me enxergara, e jamais me veria, mas eu nunca deixaria de lhe observar. Ela chorava, e eu nada poderia fazer. Ela chorava, e era só uma menina.

[ isso não é uma historinha nonsense, e muito menos ficção. ]