Wednesday, May 30, 2007

temps et récit

Alguém dissera à menina: os jovens não têm consciência do passado. Ela, que mal começara a desvendar os meandros do tempo, a manusear toda aquela prateada matéria fluida, obrigou-se a discordar. Talvez por esparramar suas horas em reconstruções de passados outros, talvez por sempre se ter deixado fascinar por todas aquelas Histórias. Em olhar retrospectivo, longo, além do que as sombras poderiam alcançar ao pôr-do-sol, veio a certeza. A sua certeza: a de que encontrara, enfim, a liberdade. Aquela espécie rara de liberdade última, a maior e mais verdadeira liberdade, quem sabe?: a de estar em paz com o próprio passado.