de novo a chuva, nada mais.

inesperada, tão maravilhosa oportunidade de relembrar aquele velho encantamento, habitante de tempos passados, quase remotos. andando pelas belas ruas cinzentas da Memória, divertia-se imensamente com suas ambigüidades, com essa sempre interminável e multifacetada via dupla: a lembrança e o esquecimento, a permanência e o desaparecimento, a revelação e a obscuridade, os "fatos" e a reinvenção... parecia se perder, correr o risco de se afogar em meio a tantas gotas. aqueles que passavam lançavam a ela olhares de estranhamento, como se louca fosse por sorrir tanto quando tanto se molhava. poderiam pensar o que bem entendessem, mas ela sabia que, enquanto lhe fossem reservados aqueles doces abraços de "até logo" na chuva, não haveria motivos para agir de outra forma. sobretudo porque restava com ela a certeza de que aquele "logo" estava mesmo próximo, ao virar de uma esquina qualquer.


[ para todas as pessoinhas que estão e estiveram aqui, neste e em tantos outros dias de chuva. ]